A Autoridade de Paulo e o Evangelho - Comentários Lição 2

Lição 02 – 01 a 07 de outubro de 2011
(Comentários do irmão César Pagani)

VERSO EM DESTAQUE: “O que fez vocês pensarem que agora estou buscando a aprovação dos homens ou de Deus? Estou tentando agradar homens? Se quero obter a aprovação humana, nunca seria um servo de Cristo.” (Gl 1:10 – Versão de Phillips)

Por que foi escrita a epístolas aos crentes gálatas? A priori é bom que se saiba que as epístolas não ficavam em posse única dos destinatários, mas circulavam pelas igrejas cristãs já fundadas. A mensagem tinha eficácia para todos.

O motivo principal da carta é advertir os gálatas por causa dos desvios doutrinários que estavam seguindo. Já não viviam mais o evangelho pregado por Paulo, que se alicerçava na graça remissória de Deus através da vida, morte e ressurreição de Cristo, e aceita pela fé.

Depois da passagem do grande missionário pela Galácia, infiltraram-se nas igrejas judeus neoconversos que se titulavam como mestres e pregavam que Paulo não lhes dera o evangelho completo. Faltava a observância das leis cerimoniais que fizeram dos judeus os portadores da verdade. Esses pregadores queriam convencer os gálatas que só a graça de Jesus não bastava. Era preciso submeter-se à circuncisão e observar leis de purificação, oferta de manjares, holocaustos, dia da expiação e festas judaicas. Com essa dialética eles excluíam o sacrifício de Cristo e dispensavam-No como Salvador.
Os gentios ficaram confusos e caíram na esparrela judaica. Paulo os repreendeu por carta confessando sua surpresa pela mudança rápida de atitude dos gálatas. A severidade de suas palavras é acentuada quando diz que nem mesmo um anjo descido do Céu tinha autoridade para mudar o Evangelho. E aqueles que pregavam falsidades e novas interpretações deviam ser considerados malditos e excomungados da igreja. Paulo se inclui entre os opositores caso mudasse de ideia e pregasse diferentemente do que fizera no início (Gl 1:8).

A gravidade textual da epístola

“Quão diferente da maneira de Paulo escrever à igreja de Corinto, foi o caminho que ele seguiu em relação aos gálatas! Aos primeiros ele repreendeu com cautela e ternura; aos últimos, com palavras de farta reprovação. Os coríntios haviam sido vencidos pela tentação. Enganados por engenhosos sofismas de ensinadores que apresentavam erros sob o disfarce da verdade, tinham-se tornado confusos e desorientados. Ensiná-los a distinguir o falso do verdadeiro requeria cuidado e paciência. Aspereza ou descuidosa precipitação da parte de Paulo teriam destruído sua influência sobre muitos daqueles a quem ansiava ajudar

“Nas igrejas da Galácia, aberta e desmascaradamente estava o erro suplantando a mensagem do evangelho. Cristo, o verdadeiro fundamento da fé, fora virtualmente renunciado pelas obsoletas cerimônias do judaísmo. O apóstolo viu que para que os crentes da Galácia fossem salvos das perigosas influências que os ameaçavam, as mais decisivas medidas deviam ser tomadas, dadas as mais penetrantes advertências.” AA, 385.

DOMINGO - Paulo, o escritor da epístola

Paulo era um teólogo, filósofo, homem de ampla cultura, orador eloquente, escritor erudito e pensador brilhante. Embora não haja qualquer dúvida quanto à inspiração de seus escritos, o estilo literário que ele utiliza é próprio de sua intelectualidade

“Não são as palavras da Bíblia que são inspiradas, mas os homens é que o foram. A inspiração não atua nas palavras do homem ou em suas expressões, mas no próprio homem que, sob a influência do Espírito Santo, é possuído de pensamentos. As palavras, porém, recebem o cunho da mente individual. A mente divina é difusa. A mente divina, bem como Sua vontade, é combinada com a mente e a vontade humanas; assim as declarações do homem são a Palavra de Deus.” ME1, 20 e 21.

Pedro não esconde que os textos de Paulo contêm pontos “difíceis de entender”. Ele não disse “impossíveis de entender”, porquanto quem os complica são os ignorantes e inconstantes. Quem não pertence a essa classe obtusa pode, ainda que iletrado nas coisas do mundo, compreender as verdades de Deus mediante a sabedoria dada pelo Espírito. O ex-pescador galileu considerava os escritos de Paulo como parte do conjunto de escrituras inspiradas, ainda que o cânon no NT não estivesse totalmente formado naquele tempo.

“Há nas Escrituras algumas coisas difíceis de entender e que segundo diz Pedro, os indoutos e inconstantes torcem para sua perdição. Não podemos explicar nesta vida o sentido de toda passagem das Escrituras; não há, porém, pontos vitais de verdade prática, que fiquem envoltos em mistério.” CSRA, 187.

Já em sua introdução a epístola aos gálatas identifica quem a escreveu: “Paulo, apóstolo (não da parte de homens, nem por homem algum, mas por Jesus Cristo e por Deus Pai...” Além de exibir a autoria, o texto comprova que quem o escreveu foi um homem consagrado ao apostolado por Deus Pai e Deus Filho. Como adverte Pedro, os “inconstantes”, os volúveis, os que não persistem no estudo e não querem esforçar-se por entender o sentido das mensagens, torcem a verdade para sua própria perdição.

A datação da epístola, crê-se, ocorreu entre os anos 55 e 60 a.D. Além da divisão temática que encontramos no texto da lição, há variáveis, como por exemplo: 1) Saudação e introdução. 2) Exposição argumentativa de Paulo para afirmar sua autoridade apostólica. 3) Defesa da doutrina da justificação pela fé sem o concurso das obras da Lei. 4) Avisos, ensinos e encorajamentos.

“Em sua carta aos crentes gálatas, Paulo recapitula brevemente os incidentes principais relacionados com sua própria conversão e com sua experiência cristã primitiva. Por este meio ele procurava mostrar que foi através de uma especial manifestação de poder divino que ele havia sido levado a ver e abraçar as grandes verdades do evangelho. Foi mediante instrução recebida do próprio Deus que Paulo foi levado a advertir e admoestar os gálatas de maneira tão solene e positiva. Ele escreveu, não em hesitação e dúvida, mas com a segurança de decidida convicção e absoluto conhecimento. Esboçava claramente a diferença entre ser ensinado pelo homem e receber a instrução diretamente de Cristo.” AA, 386.

É totalmente impraticável marcar uma data para a feitura da primeira coleção completa das epístolas de Paulo. Sabe-se com total segurança e respaldo de muitas provas e evidências, que a partir do final do primeiro século e início do segundo, as cartas de Paulo circulavam livremente e eram estimadas como autoritativas em doutrina. Não temos documentada a história da preservação e colecionamento das epístolas paulinas, no entanto, o processo deve ter-se iniciado cedo conforme está evidente na declaração contida em II Pedro 3:15,16, e porque tal conjunto epistolar já era considerado parte das Escrituras no final do segundo século.

SEGUNDA - O chamado de Paulo

O próprio Paulo, falando sobre os dons espirituais (ver Ef 4:11; I Co 12:28) diz que Deus concede o dom apostólico para certas pessoas na igreja. Como poderíamos entender essa dotação hoje na igreja? O que é um apóstolo moderno?

De modo muito simples podemos dizer que apóstolo é um mensageiro designado para levar a mensagem divina. Mas ele tem uma autoridade especial. Não pode haver apóstolo sem plenitude do Espírito em sua alma. Num sentido mais ampliado, o titulo de apóstolo é aplicado a pregadores eminentes. Barnabé, Timóteo e Silvano foram considerados apóstolos (At 14:14; I Ts 1:1)

Não sei se os irmãos concordam comigo, mas entendo que um apóstolo hoje é o fundador de igrejas, um conferencista que realiza grandes campanhas para difundir luz, ganhar almas e fundar igrejas. Geralmente os conferencistas são pastores comissionados pela direção da igreja de Cristo para realizar projetos de conquista de pessoas.

As saudações registradas nas aberturas das cartas de Paulo são semelhantes em: 1) Reafirmação de sua vocação e autoridade apostólica. 2) Sua nomeação diretamente feita por Deus e não pela igreja. 3) Endereçadas à igreja local principal.

No preâmbulo da epístola aos gálatas, vê-se que a carta foi endereçada “às igrejas da Galácia” (v. 2) Outro diferencial é a apresentação de Cristo crucificado, dádiva de Deus para libertação do pecado e santificação, que é a vontade expressa do Senhor.

Mas notemos que o chamado de Paulo ao apostolado foi muito diferente daquele dos 12. Nos primeiros doze apóstolos, Jesus humano foi ao seu encontro e os convidou pessoalmente para formar seu grupo. Eles foram convocados de modos diferentes: Os primeiros quatro atenderam em grupo (Pedro, André, Tiago e João). Mateus recebeu a convocação quando estava em seu gabinete de trabalho. Filipe e Natanael (Bartolomeu) vieram em dupla. Dos demais homens que completaram o quadro nada sabemos com respeito ao chamado.

O ex-fariseu teve um encontro espiritual com Cristo glorificado, isto é, em plena posse de Seus atributos que sempre teve Consigo, mas não utilizou em proveito próprio quando em carne. Foi o Sumo Sacerdote celeste que o chamou. Essa valorização notável não podia ser relevada.

Não que Paulo quisesse gloriar-se de que foi designado diretamente pelo Filho de Deus entronizado. Era necessário que sua credibilidade apostólica fosse estabelecida, para que a mensagem tivesse plenos efeitos e não fosse impedida pelos preconceitos dos ignorantes.

“Ponderando essas coisas em seu coração, Paulo compreendeu mais e mais claro a razão de seu chamado - ser um ‘apóstolo de Jesus Cristo, pela vontade de Deus’. I Co 1:1. Este chamado lhe veio, ‘não da parte dos homens, nem por homem algum, mas por Jesus Cristo, e por Deus Pai’. Gl 1:1. A magnitude da obra que estava a sua frente levou-o a dedicar muito estudo às Escrituras Sagradas, a fim de que pudesse pregar o evangelho, ‘não em sabedoria de palavras, para que a cruz de Cristo se não faça vã’, ‘mas em demonstração de Espírito e de poder’, para que a fé de todos os que ouvissem ‘não se apoiasse em sabedoria dos homens, mas no poder de Deus’. I Co 1:17; 2:4 e 5.” AA, 127.

“Demais, essa igreja [de Damasco] não foi por mais tempo deixada na ignorância quanto à experiência pessoal do fariseu convertido. E agora, que a divina comissão então dada devia ser mais plenamente levada a efeito, o Espírito Santo, dando novamente testemunho a respeito de Paulo como um vaso escolhido para levar o evangelho aos gentios, impôs à igreja a obra de ordená-lo e a seu companheiro de trabalho. E enquanto os dirigentes da igreja de Antioquia estavam servindo ao ‘Senhor e jejuando, disse o Espírito Santo: Apartai-Me a Barnabé e a Saulo para a obra a que os tenho chamado’. At 13:2.” AA, 163.

“Entre aqueles que foram chamados para pregar o evangelho de Cristo, destaca-se o apóstolo Paulo, exemplo, a todo pastor, de lealdade, devoção e infatigável esforço. Suas experiências e instruções concernentes à santidade da obra do pastor são uma fonte de auxílio e inspiração aos que estão empenhados no ministério evangélico.” OE, 58.

TERÇA - O Evangelho de Paulo

O evangelho eterno pregado por Paulo era a mensagem de libertação e santificação mediante a dádiva de Cristo Jesus. Diz o apóstolo que foi da vontade de Deus dar Cristo à humanidade, por causa do imensurável amor que Ele nos tem. Além disso, o evangelho é de graça e paz.

Todos os seus benefícios são concedidos mediante o perdão gracioso e tendo aceitado a Jesus, o pecador recebe a paz que o mundo não pode dar. É a paz do amor, da absolvição e da certeza da bem-aventurança futura.

Quando Paulo fala de graça e paz da parte de Deus e do Senhor Jesus Cristo, está proferindo uma promessa poderosa. E a Palavra do Senhor não falha. Não se tratam apenas de votos de felicidades, mas de uma afirmação divina que traz consigo o empenho garantido de que receberemos essas virtudes emanadas do próprio Senhor dos Céus e da Terra.

A graça e a paz vieram em razão do sacrifício inestimável de Jesus. Não fosse a cruz de Cristo, jamais saberíamos o que é fruir a aprovação e a aceitação divina. É graça salvadora: “Porquanto a graça de Deus se manifestou salvadora a todos os homens.” (Tt 2:11)

“Quando você ler o terceiro versículo de Gálatas 1, de forma alguma o tome como uma fórmula de cortesia ou uma simples saudação, mas como a palavra criadora que traz pessoalmente a você todas as bênçãos da paz divina.” Waggoner.

O erudito Archibald W. Robertson afirma que Paulo usa essa saudação promissora, embora tenha encontrado muitas faltas e pecados nos destinatários. A despeito da apostasia galáctica Deus acena com graça e paz a todos os que crerem em Sua Palavra.

Pedro também se vale da mesma expressão em sua segunda carta, capítulo 1, verso 2, acrescentando que é desejo de Deus que essa graça e paz sejam multiplicadas através do conhecimento de Deus e de Cristo.

“O senso do pecado tem envenenado as fontes da vida. Mas Cristo diz: ‘Eu tirarei vossos pecados; dar-vos-ei paz. Comprei-vos com Meu sangue. Sois Meus. Minha graça fortalecerá vossa vontade enfraquecida; o remorso do pecado, Eu hei de remover.’ Quando vos assaltam tentações, quando vos rodeiam cuidado e perplexidade, quando, deprimidos e desanimados, vos achais prestes a ceder ao desespero, olhai a Jesus, e as trevas que vos envolvem dissipar-se-ão ao brilho de Sua presença. Quando o pecado luta pelo predomínio em vossa alma, e sobrecarrega a consciência, olhai ao Salvador. Sua graça é suficiente para subjugar o pecado.

Que vosso grato coração, trêmulo de incerteza, se volva para Ele. Apoderai-vos da esperança posta diante de vós. Cristo espera adotar-vos em Sua família. Sua força ajudará vossa fraqueza; conduzir-vos-á passo a passo. Colocai nas Suas a vossa mão, e deixai que Ele vos guie.” CBV, 85.

"’Graça a vós e paz da parte de Deus nosso Pai, e da do Senhor Jesus Cristo. Graças dou ao meu Deus, lembrando-me sempre de ti nas minhas orações; ouvindo a tua caridade e a fé que tens para com o Senhor Jesus Cristo, e para com todos os santos; para que a comunicação da tua fé seja eficaz no conhecimento de todo o bem que em vós há por Cristo Jesus.’ Fl 1:4-6. O apóstolo recordava a Filemom que cada bom propósito e bom traço de caráter que ele possuía devia-o à graça de Cristo; somente esta o tornou diferente dos perversos e pecadores. A mesma graça pode tornar o envilecido criminoso um filho de Deus e útil obreiro no evangelho.” AA, 457.

É isso que Deus deseja que nos aconteça. Que tal promessa de graça e paz seja realidade na vida. As duas virtudes estão ao alcance de todos os que quiserem.

QUARTA - Nenhum outro evangelho

O apóstolo entra diretamente no assunto principal da epístola. Ele estava inconformado com o desvio dos crentes que evangelizara com tanto amor e zelo. Não podia conter-se e aceitar passivamente a perigosa mudança. Paulo possuía um zelo mui especial pelas almas e temia por seu destino se persistissem no erro que mestres falsos introduziram na igreja.

Seus irmãos de fé estavam em perigo e ele evitou qualquer longo preâmbulo ou rodeios em sua carta. Precisava chamar o pecado pelo nome e convocá-los ao arrependimento.

Os líderes da igreja precisam munir-se dessa bravura apostólica e sem temor, a não ser o do Senhor, denunciar os pecados do povo e conclamar reformas. A não ser que façam isso, não ajuntam com Cristo, mas espalham.

Em verdade, não existe outro evangelho. Ele é um só e permanece para sempre. Os homens são maníacos para criar “outro evangelho” que não aquele que veio do Céu.

Foi uma surpresa para o zeloso apóstolo saber que os gálatas já estavam se desviando do puro evangelho para um evangelho “judaizante”, uma mescla perniciosa de evangelho com ritualismo judaico. “Porque o fim da lei é Cristo, para justiça de todo aquele que crê.” (Rm 10:4) Tudo o que foi ensinado por mais de mil e quinhentos anos em Israel, visava a levar o povo a manifestar fé no Salvador vindouro. Jesus afirmou com autoridade que as Escrituras testificavam dEle (Jo 5:39).

Apesar de o evangelho do reino haver sido pregado aos judeus e muitos se tenham “convertido” ao cristianismo, eles não conseguiam desapegar-se do “evangelho da justiça própria”. Por certo jamais haviam entendido que, um dia, o Enviado do Céu viria e poria fim às cerimônias. O cristianismo verdadeiro seria uma sadia continuidade do real judaísmo que Deus sempre tentou ensinar ao Seu povo. A justiça sempre foi pela fé e não por formas externas.

A graça de Cristo doada na cruz era disponibilizada sem qualquer oferecimento de cordeiros e outros animais. O Cordeiro antitípico fizera um sacrifício completo. A mensagem presente era “arrependei-vos e crede no evangelho.”

A fé no evangelho era demonstrada pela aceitação de Cristo e a prática de uma vida santificada segundo o Espírito. Romanos 1:8 diz que a fé dos crentes de Roma era anunciada em todo o mundo. Tratava-se de uma fé ativa que transparecia a todos mediante a absorção das virtudes de Cristo. A fé real implica em entrega completa a Cristo, obediência às Suas palavras e testemunho do amor de Deus ao mundo.

A morte de Cristo na cruz permitiu que a graça sobreabundante de Deus descesse sobre todos. Por meio dessa teriam os homens perdão, aceitação, purificação, transformação, vida, paz, bênçãos numerosas e alegria; encontrariam o verdadeiro sentido da vida concedida por Deus.

A pior coisa que pode acontecer a um crente é ele acreditar que pode, mediante obras de justiça, comprar o favor de Deus. Esse favor já foi adquirido por Jesus. As boas obras são fruto de uma vida dirigida pelo Espírito Santo. “Senhor, Tu nos darás a paz, porque Tu és o que fizeste em nós todas as nossas obras.” (Is 26:12 – VARC) Quando Paulo afirmou que não era ele mais que vivia e sim Cristo nele, quis dizer que todas as justiças que se viam em sua existência eram consequência do completo controle de Jesus sobre ele.

Em virtude da apostasia dos gálatas, Paulo não podia dar graças a Deus pelo testemunho que eles davam na região. Por causa dos falsos mestres haviam eles obscurecido a luz do evangelho e se tornado opróbrio dos descrentes.

Em seu comentário sobre Gálatas, o Dr. Waggoner escreveu: “Visto que os irmãos da Galácia estavam se separando dAquele que os chamou, e dado que é Deus quem chama misericordiosamente aos homens, é evidente que estavam desertando do Senhor. Juntar-se ou separar-se de um homem é um assunto relativamente menor, mas estar unido a Deus é algo de importância vital.

“Muitos parecem pensar que se se mantiverem simplesmente como ‘membros em situação regular com a igreja’ podem estar seguros. Porém, a única consideração determinante é: Estou eu unido ao Senhor e andando em Sua verdade? Se alguém está unido ao Senhor encontrará rapidamente seu lugar entre o povo de Deus, já que aqueles que não constituem Seu povo não tolerarão por muito tempo entre eles um zeloso seguidor de Deus.”

QUINTA - A origem do Evangelho de Paulo

“O apóstolo aconselha os crentes gálatas a considerarem cuidadosamente sua primeira experiência na vida cristã. ‘Ó insensatos gálatas!’ exclama, ‘quem vos fascinou para não obedecerdes à verdade, a vós, perante os olhos de quem Jesus Cristo foi já representado como crucificado? Só quisera saber isto de vós: Recebestes o Espírito pelas obras da lei ou pela pregação da fé? Sois vós tão insensatos que, tendo começado pelo Espírito, acabeis agora pela carne? Será em vão que tenhais padecido tanto? Se é que isso também foi em vão. Aquele pois que vos dá o Espírito e que obra maravilhas entre vós, fá-lo pelas obras da lei, ou pela pregação da fé?’ Gl 3:1-5.” AA, 384.

Paulo absorvera tanto o poder do evangelho, que chegou a chamá-lo de “meu evangelho” (Rm 2:16). Propagar a mensagem da graça de Deus era a maior ambição desse homem que considerou tudo como perda por amor de Cristo.

Quando ele pregava, não estava buscando projeção pessoal, vantagens pecuniárias, fama e louvor dos homens, mas propagando o “incêndio santo” que o amor de Deus ateara em seu coração. Os judaizantes que transtornavam o evangelho queriam controlar a vida da igreja e anular a graça de Deus. Dizendo-se mestres, ansiavam o reconhecimento de sábios por parte do povo.

Acerca da circuncisão em cristãos, Paulo a combatia como não compulsória, porquanto aquele que se deixasse circuncidar era obrigado a guardar toda a lei que Cristo cravara na cruz. “De novo, testifico a todo homem que se deixa circuncidar que está obrigado a guardar toda a lei.” (Gl 5:3) Se assim fosse “se vos deixardes circuncidar, Cristo de nada vos aproveitará” (Gl 5:2). Em outras palavras, “Cristo não tem nenhum valor para vocês”.

Imaginemos que a voz de Paulo não se levantasse contra a heresia judaizante. Os gálatas passariam a ser prosélitos do judaísmo formal, oferecendo, ao mesmo tempo em professavam crer no todo-suficiente sacrifício de Cristo, ovelhas, cordeiros, bois, etc. A forma tomaria conta da religião cristã e essa se extinguiria em pouco tempo. Dessas formalidades, Pedro diz que serem um jugo que nem “nossos pais puderam suportar” (At 15:10).

Assim é quando a piedade prática (a vida de Cristo vivida em nós) é substituída pelas formas eclesiásticas. Se alguém se sente satisfeito apenas em assistir todos os programas e cultos da igreja, participar de concílios e acampamentos, e mesmo estar nas Conferências Gerais, está morto e ainda não descobriu. As formas têm sua validade e são instrumentalidades para o ensino da virtude cristã, mas não serão aceitas por Cristo a não ser que propulsionem à prática do amor, da justiça, da misericórdia e da pureza.

O grande apóstolo contou sua vida brevemente aos gálatas. Ele, um rigoroso adepto das formas religiosas e zeloso crente judeu, teve sua existência transformada após a visão de Cristo. O Senhor não somente Se revelou a ele, mas nele (Gl 1:16). Uma coisa é ter o Senhor externamente e outra é intimamente. Paulo conhecia bem as duas experiências.

“A conversão de Saulo é notável evidência do miraculoso poder do Espírito Santo para convencer os homens do pecado. Ele havia crido que de fato Jesus de Nazaré havia desconsiderado a lei de Deus, ensinando aos Seus discípulos ser a mesma de nenhum valor. Mas depois de sua conversão, Saulo tinha reconhecido Jesus de Nazaré como Aquele que viera ao mundo com o propósito expresso de defender a lei de Seu Pai. Estava convencido de que Jesus fora o originador de todo o sistema judaico de sacrifícios. Viu que o tipo da crucificação tinha encontrado o antítipo; que Jesus havia cumprido as profecias do Antigo Testamento, concernentes ao Redentor de Israel.” AA, 120.

Como o evangelho é eterno (Ap 14:6), ele o foi para Adão, Abraão, Israel, Davi, para os profetas, os apóstolos e os crentes primitivos. Esse é o nosso evangelho que temos a propagar ao mundo na poderosa mensagem do primeiro anjo. O mesmo zelo exigido de Paulo é-nos requerido também. Clamemos pelo Espírito Santo para que Ele nos dê o evangelho do bravo apóstolo, com todo o seu poder convertedor. Amém.

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